segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Epifania / Epiphany / Epifanía

“[...] Vimos a sua glória [...]” João 1.14 
Um termo que acompanha o cristianismo desde o começo procura explicar o modo como Deus se revela aos homens na pessoa de Jesus Cristo: “epifania”, que tem sido traduzido comumente como “manifestação”.
Epifania é o instante do esclarecimento, é o momento do descortinar do entendimento, quando tudo passa a fazer sentido e a vida ganha novo significado. Na filosofia, é um acontecimento único, iluminado e inspirador, quase que sobrenatural em que o conhecimento acontece.
A palavra vem do grego, que quer dizer aparição, manifestação ou milagre. É a junção da preposição epi, sobre, com a expressão phaino, que significa brilho. O dicionário diz que é um súbito entendimento ou compreensão de algo. A tradição cristã usa essa palavra para descrever a revelação de Deus em Cristo que se encarnou como pessoa humana.
Três fatos na vida de Jesus são tidos como epifanias. O primeiro, quando os magos que vieram do Oriente se encontraram com o bebê Jesus. O segundo, quando Jesus vai ao encontro de João Batista para ser batizado. E o terceiro, quando Jesus realiza o primeiro milagre, em Caná da Galileia. Eles servem para nos lembrar de que epifania é o que nos conduz à entrega e à doação, é o que nos conduz a uma descoberta de que somos pessoas amadas por Deus e é também o que nos conduz à transformação e à dignidade.
A epifania tornou-se uma festa religiosa no catolicismo, normalmente comemorada no dia 6 de janeiro, que na nossa cultura corresponde ao Dia de Reis. Nessa data, a cristandade é convidada a se lembrar que Jesus Cristo é o filho unigênito do Pai, que se fez homem, para sacrificar sua própria vida em favor da humanidade.
Como festa, a Epifania tem sua origem no Oriente, celebrada como uma forma de fugir das comemorações natalinas, que coincidiam com os festejos pagãos ao Sol. Era chamada de Hagia Phota, a santa luz, como referência à revelação do evangelho ao mundo.
Isso nos lembra que a fé cristã é encarnação. É o reconhecimento de que Jesus é Senhor e Salvador de todos os homens em todos os tempos. O profeta já tinha anunciado a chegada da luz de Deus aos homens: Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor” (Isaías 60.1 ARA). Jesus disse que seus discípulos são a luz do mundo (Mateus 5.14). Paulo interpretou esta passagem a partir do fato de que esta luz já brilha em nossos corações: Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Coríntios 4.6). Pedro relatou que somos o povo eleito para anunciar as obras daquele que nos chamou das trevas para a luz (1 Pedro 2.9). João nos convidou para andarmos nessa luz para que experimentemos comunhão uns com os outros: Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” ( 1 João 1.7).
Epifania, portanto, é um convite para que a luz de Jesus brilhe em nós a fim de que possamos iluminar o mundo com a mensagem e o testemunho de vida que produz transformação. Tal como na visita dos magos, epifania é o que nos capacita a fazer a entrega do que há de mais humano em nós. Tal como no batismo de Jesus, epifania é o que nos capacita a viver de forma humana diante de Deus como um imitador do caráter de Cristo. Tal como no milagre da transformação da água em vinho, epifania é o que nos capacita a estarmos mais comprometidos com a realização do outro do que com estruturas, sistemas e doutrinas.

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