O que seria de
nós, humanos, se não fossem as redes de relações que nos constroem? O ser
humano é isso: resultado de um complexo somatório de relações sociais,
biológicas e espirituais. Em princípio, ser humano é ser alguém no plural.
Somente quando
nos damos conta da presença do outro, do mundo e de Deus é que podemos
descobrir quem somos. Por isso que ausências e distâncias são significativas.
Somos um
projeto em aberto, sempre em construção. Começa em nossas interações em
família, passa pela vizinhança, escola, comunidade, igreja e as formas
organizadas da sociedade. É dessa forma que nos constituímos como pessoas,
sujeitos e cidadãos.
Há relações
que nos destroem. São aquelas que se baseiam no preconceito, na intolerância,
no ódio. Mas há relações que promovem mais a nossa condição humana, construídas
a partir da generosidade, da gentileza, da solidariedade e do amor.
Há atitudes
que inibem as relações. É o que o egoísmo, a vaidade e o orgulho fazem. E há
atitudes que estimulam ainda mais os relacionamentos: a bondade, o
companheirismo, a sinceridade, o respeito.
Há
relacionamentos que nos aperfeiçoam e há relacionamentos que nos adoecem. Da
mesma forma, podemos proporcionar saúde e doença, solução e problema, limites e
possibilidades para o outro e para o mundo.
Relacionamos-nos
porque somos diferentes e essas diferenças não se excluem. Antes, se completam.
Relacionamentos são aberturas que temos para Deus, para o mundo, para os outros
e para nós mesmos, a fim nos realizarmos como pessoas que somos.
São também
possibilidades de experimentar o novo, de assumir desafios e de construir uma
vida melhor. É a partir das relações que percebemos identidades e diferenças,
que atribuímos dignidade ao outro pelo fato de possuirmos valores em nós mesmos.
Por isso, quando estamos insatisfeitos ou nos sentimentos incompletos, aí está
um sinal de que precisamos investir mais em nossas relações.
Nossas redes
de relações nos dão suporte para alcançar o bem-estar, para desenvolver as
habilidades que nos ajudam a viver melhor, mas acima de tudo nos apontam para
aquele que se ofereceu para estabelecer uma relação de amor conosco.
Não há nada
que aconteça na vida do outro e na natureza que não nos afete. Estamos
interligados, conectados e sintonizados o tempo todo com tudo e com todos. Se
alguma peça dessa engrenagem não for levada em conta, se algo ficar de fora,
haverá esse vazio de significados que nos assola. Por isso que uma vida que não
se dá conta de todas as relações em que se está implicado não tem sentido.
Viver é, acima de tudo, buscar sentidos a partir de relações.
Portanto, para
se ter vida abundante, as relações precisam estar a serviço da vida. Caso
contrário, a vida não passará de confronto, de competição e de manipulação. Não
passa de sobrevivência. Antes, viver é construir uma rede de relações e se
construir a partir delas. E é nisso que o propósito de deus se consuma.
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