A humanidade
atravessa uma fase de grandes transformações. Há uma crise humanitária que se
reflete no modo como lidamos com as diferentes identidades; as principais
decisões a respeito de políticas públicas e busca de bem-estar social são
marcadas por atitudes altamente utilitaristas e materialistas; a globalização e
o consumo em massa trouxeram forte apelo de uniformização e homogeneização da
cultura; há também uma forte desvalorizações da memória histórica, com a
supervalorização do aqui e agora; a lógica do mercado invade espaços que
deveriam ser tratados democraticamente, como a segurança, a saúde e a educação;
as esferas do público e do privado se confundem com a exposição da intimidade e
a invasão de privacidade instituída. E nesse universo de transformações, Deus
vai sendo lançado para fora das relações humanas.
Essa crise
aponta para o fato que vivemos uma realidade plural que tanto pode ser
enriquecedora como também um grande desafio. Ela nos chama a buscar respostas
que orientem nossas ações num mundo em que, em meio à diversidade, todos
possamos viver de um modo mais digno. Ela também trás à tona a emergência dos
Direitos Humanos visto que coloca em questão as condições concretas de
existência no mundo, o direito fundamental à vida. Defender o direito à vida é
lutar pela garantia de todos aqueles direitos que estão diretamente ligados ao
modo como vivemos no mundo.
O evangelho
trouxe uma preocupação especial sobre isso. O primeiro e principal direito que
Deus nos garante é o direito de ser, de existir. Decorrente desse, todos os
demais direitos humanos estão ligados a uma existência digna no mundo. Por que
temos o direito de ser uma pessoa diante de Deus, Ele está interessado em que
todos possam ter acesso a condições melhores de existência, que todos possam
desfrutar de uma vida digna.
Quando se fala
em uma vida digna, vem logo à nossa mente uma vida em que as necessidades
básicas estão satisfeitas, com condições humanas ideais e com a garantia de um
bem-estar mínimo. Mas viver dignamente é muito mais do que isso. A vida digna é
uma condição humana essencial, de tal modo que todos têm direito a ela
igualmente. Não dá para um grupo de pessoas ter acesso a uma tal condição de
vida digna, ainda que minimamente, enquanto muitos não têm a mesma oportunidade
de desfrutá-la.
Vivemos num
mundo em que as oportunidades não são iguais para todos e as condições mínimas
de acesso a uma vida digna não são garantidas a uma maioria esmagadora. Estamos
falando em termos de educação, saúde, trabalho, segurança e lazer. A situação é
mais grave quando falamos também de acesso à renda, liberdade de pensamento e
até respeito à própria condição de pessoa.
Os maiores
inimigos da vida digna são a ganância, o preconceito e a intolerância. São
atitudes que estão por trás de toda sorte de opressão, exploração e exclusão. A
cada época, essas condições ganham novos contornos e se perpetuam em nossas
práticas sociais. Atualmente, elas são orientadas pelas tendências que provocam
a crise humanitária que vivemos.
O evangelho é
um chamado amoroso a que possamos viver nossa vida humana dignamente diante de
Deus. Jesus foi a melhor expressão de uma vida dignamente humana. Jesus foi
motivado não apenas pelo desejo por uma vida após a morte, mas por uma vida que
faça sentido antes da morte, contra a própria morte.
Não dá para
viver dignamente diante de Deus sem experimentar a mudança de mente que o
Espírito de Deus promove.
Não dá para
viver dignamente diante dos homens sem encarnar os valores e a proposta de vida
que Jesus nos deixou.
Não dá para
viver dignamente diante de si sabendo que estamos distantes dos propósitos
daquele que nos criou.
Em seu último
discurso enquanto viveu no mundo, conhecido como sermão escatológico e que se
encontra nos capítulos 24 e 25 do Evangelho de Mateus, Jesus apresentou sua
preocupação com o destino da humanidade. Especialmente em sua última parte,
Jesus falou sobre como nossas ações no presente interfere em nossas escolhas
futuras, de tal modo que aquilo que fazemos aqui e agora são determinantes para
nossa relação com ele na eternidade.
A série de reflexões que se segue tem como ponto de partida a análise do trecho que corresponde à parábola das ovelhas e dos bodes. Nela Jesus fala profeticamente sobre as aflições humanas e como a maneira como lidamos com as dores do mundo estão relacionadas à nossa condição de fé. A preocupação será de identificar, na ação de Jesus, como ele mesmo esteve presente no enfretamento das formas como essas dores estão presentes na vida concreta de pessoas de seu tempo. Com isso, será possível a gente identificar também como é possível cuidar das mesmas dores enfrentadas pela humanidade hoje.
A série de reflexões que se segue tem como ponto de partida a análise do trecho que corresponde à parábola das ovelhas e dos bodes. Nela Jesus fala profeticamente sobre as aflições humanas e como a maneira como lidamos com as dores do mundo estão relacionadas à nossa condição de fé. A preocupação será de identificar, na ação de Jesus, como ele mesmo esteve presente no enfretamento das formas como essas dores estão presentes na vida concreta de pessoas de seu tempo. Com isso, será possível a gente identificar também como é possível cuidar das mesmas dores enfrentadas pela humanidade hoje.
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