O Pentecostes é a festa da
presença viva de Deus no meio do seu povo. É o divino que se encarna, é o
eterno que se faz história, é o sagrado que se revela no profano, é a graça que
se consuma, é a proclamação de liberdade para toda gente. É lembrança de que
vida com Deus é vida no Espírito, para o Espírito e pelo Espírito, como sopro
que renova a vida, que traz esperança, que encoraja a seguir em frente como
testemunha.
Desde a tradição judaica,
Pentecostes era a festa que promovia solidariedade, generosidade e gratidão. O
cristianismo ofereceu ao Dia de Pentecoste um novo significado, pois foi nessa
data que se deu a experiência dos primeiros cristãos com a realidade da vida no
Espírito pela primeira vez. Para alguns, é a data em que a igreja saiu em
missão. Para outros, foi o despertar para uma nova dinâmica de vida no poder do
Espírito.
Jesus já havia orientado seus
discípulos para que aguardassem a manifestação visível do Espírito Santo, que
os conduziria a serem suas testemunhas em todo o mundo. Ela aconteceu exatamente
na comemoração do Dia de Pentecoste que se seguiu à Pascoa da crucificação de
Jesus. Para quem vivia o horror da perseguição, o medo do opressor, diante da
exploração e da desigualdade, a presença do Espírito deu motivação e intrepidez
para serem sinais do Reino no mundo.
O Espírito Santo é aquele nos
dá ânimo e coragem para colocar a vida inteira a serviço do Reino, como também
é o que nos conforta em meio às nossas lutas. Ele coloca em nossos lábios um
novo canto, nos conduz a uma nova gramaticalidade, nos faz ver novas
possibilidades e nos enche de alegria. Ele atua em nós como um poder, uma
potência de agir, um dínamo que gera nova energia de viver.
Pentecostes é a festa da
inclusão, da diversidade, da pluralidade, do diálogo e da abertura ao outro. Conforme
a narrativa de Atos 2.1-13, Jerusalém estava cheia de peregrinos para a festa
do Dia de Pentecoste. Nesse dia, os discípulos estavam reunidos em uma pequena
sala (cenáculo) em oração, para encorajarem-se uns aos outros. Pessoas de todas
as cores, de todos os dialetos, de todos os gêneros, de todas as classes e de
todas as crenças são chamadas para dentro do mover de Deus.
O Espírito Santo capacita a
conviver com o diferente, a acolher o estranho e a amar o próximo. O Espírito
Santo capacita a cumprir a missão de Deus no mundo, a nos comunicarmos em uma
nova linguagem, a pronunciarmos o idioma do amor. O Espírito Santo capacita a
sair de nossa mesmice para invadir a realidade do outro, a transpirar graça em
meio a um cenário de maldade, a sinalizar esperança em meio ao desespero, a ser
abençoador para quem convive com a dor.
A presença do Espírito entre
nós orienta a nossa ação no mundo a fim de que a amor de Deus se concretize na
vida de todos. Ela nos confronta com o mistério e nos conduz a uma experiência
mística. Tornamo-nos capazes de perceber e compreender os diversos modos de
Deus falar, a discernir melhor a respeito da vontade de Deus e seus propósitos.
É a lembrança de que a experiência de Deus é resistência às formas
institucionalizadas, mas também é revolucionária como abertura para novas
possibilidades de expressões.
O Espírito Santo que atua em
nós é o mesmo que atuou em Jesus de Nazaré e o conduziu a realizar a obra
redentora. Não se resume a uma experiência extática, a um êxtase momentâneo ou
mesmo a uma atividade de culto. É vivência que se renova sempre a cada momento
que é invocada, como cumprimento de promessa viva para nos conduzir em comunhão
com todos e todas, que contagia e se multiplica como uma reação em cadeia.
Excelente reflexão.
ResponderExcluirMe ajudou na preparação da ministração desta noite.