sábado, 7 de novembro de 2020

Biden é eleito novo Presidente dos Estados Unidos: a democracia revigorada / Biden elected new President of the United States: a reinvigorated democracy / Biden elegido nuevo presidente de los Estados Unidos: una democracia revitalizada

Depois de quatro dias de apuração após a eleição de 3 de novembro de 2020, os Estados Unidos da América conhecem quem será o seu novo presidente a partir de 20 de janeiro de 2021. O candidato democrata somou a maioria de cadeira do colégio eleitoral, superando, assim, o atual presidente e candidato Donald Trump. A volta do Partido Democrata ao poder representa uma grande conquista para aqueles que lutam contra o preconceito racial e pelos direitos dos grupos identitários.

Quando foi eleito em 2016, Trump representou um retrocesso no processo democrático de tal modo que afetou o mundo inteiro. Os reflexos da política reacionária de Trump estão nos protestos antirracistas, como Vidas Negras Importam (Lack Lives Matters). A vitória de Biden é uma conquista histórica por várias razões: primeiramente, põe fim às ameaças que Trump simboliza; em segundo lugar, Biden teve o maior número de votos em toda história e, em terceiro, pela primeira vez uma mulher negra, Kamala Harris, se elegeu como vice-presidente dos Estados Unidos.

A grande luta travada nas eleições norte-americanas foi entre a democracia e as forças conservadoras. O conservadorismo se aliou ao que há de pior na política, inclusive utilizando-se de um falso discurso religioso que arregimentou grandes setores evangélicos. A extrema-direita assumiu para si a pauta conservadora, com argumentos fundamentalistas e simpáticas a ideias fascistas, mas cobrou um alto preço: o de tutelar a democracia.

O mundo vem assistindo ao avanço das forças reacionárias e do fascismo, que se apropria, sobretudo, de discursos religiosos. Entretanto, uma nova tendência emerge, que é a do desenvolvimento de uma atitude de bom senso e de diálogo, sensível à ameaça aos Direitos Humanos, à crise do capitalismo e aos problemas ambientais. Esses reflexos encontram-se presentes também na América Latina, com a eleição de representantes de esquerda na Argentina e na Bolívia, como também a vitória no plebiscito contra a constituição ditatorial do Chile.

A democracia norte-americana tem servido como modelo para o exercício das democracias modernas desde o século XIX. Embora possua um sistema eleitoral antigo, que faz uso de procedimentos arcaicos em um mundo tecnologicamente avançado, o cidadão norte-americano se orgulha disso e se envolve com muito interesse em todo o processo, com a participação de muitos voluntários. Sem dúvida, já existem sistemas eleitorais mais avançados, com uso de tecnologia de ponta e segura. O próprio modelo eleitoral brasileiro é um deles. Porém, o modo de tratar o sistema democrático nos Estados Unidos é peculiar ao seu processo histórico.

A eleição de Joe Biden traz novos ares para a democracia no mundo. Em termos de política interna norte-americana, é um sinal de vitalidade e de retomada da força das instituições democráticas daquele país, que estiveram ameaçadas durante o mandato de Trump. Mas também é um sinal de que a democracia norte-americana precisa renovar seus atores. Biden foi eleito com 77 anos de idade. Bill Clinton se elegeu com 46 anos e Barack Obama com 48, ambos também do Partido Democrata.

O resultado dessas eleições terá, sem dúvida alguma, reflexos na política brasileira. A atitude de alinhamento com Trump, adotada por Bolsonaro, chega ao seu final. Sobretudo nas áreas de política externa e de cuidado com o meio ambiente, o governo brasileiro terá que rever suas estratégias e trabalhar com uma perspectiva de diálogo mais afinada com as tendências que o mundo aponta. O mundo tende pelo caminho da multilateralidade, da cooperação entre as economias e da garantia de direitos identitários.

Que os ventos que sopram na democracia dos Estados Unidos soprem também por aqui.

(Foto: CNN Brasil).

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