sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dawkins na Flip / Dawkins on Flip / Dawkins en Flip

Li a reportagem sobre a visita de Richard Dawkins ao Brasil, na Feira Literária Internacional de Paraty. Senti-me identificado com uma das expressões de sua fala: “É um desperdício terrível viver a sua vida pensando no que vem depois (...) Não desperdice a única vida que você tem.” Esse é o ponto em que penso ser o centro da questão humana. Dawkins é um biólogo e o maior equívoco de toda a ciência natural é acreditar que uma ciência por si só pode dar conta de toda a condição humana.
É exatamente por isso que somos humanos. O que nos humaniza não é apenas uma vida transitória, ainda que parta de um processo vital, reprodutivo e evolutivo, mas que tem apenas começo, meio e fim. A grande luta de toda a humanidade é a superação de sua própria finitude. A religião é uma das muitas tentativas dessa superação. Procura-se fazer isso através da busca de sentido.
O problema não é esperar pelo que vem depois, mas é passar uma vida inteira sem a perspectiva de que sua vida vai além de um processo finalístico. Tenho para mim que a vida termina de fato quando ninguém mais se lembra de quem você foi, quais as marcas que você deixou durante sua existência, o quanto a sua personalidade contribuiu decisivamente para a melhoria da humanidade.
Imagino que uma vida que se limita pela finitude é centrada tão somente no eu, na expressão do indivíduo que precisa tirar o melhor proveito para si, uma vez que essa é a sua única chance. Ao contrário, de fato só temos essa vida, mas que não se limita a uma expressão biológica, terrena. Uma vida que não é só “bio” e que não é baseada numa lógica natural.
Preciso agradecer a Dawkins por ter lido isso. De fato, em termos biológicos, sua especialidade, a vida-bio não passa de um complexo processo químico-orgânico que tem começo, meio e fim. Isso é tão lógico que chega a ser terrível. O homem é mais do que isso, é um animal em busca de significados, que luta para não ser só “bio”. Verdadeiro desperdício é passar por essa experiência biológica inteira sem ter encontrado sentido e sem ter descoberto o valor de existir. Viver assim é viver perdido de si mesmo, do valor mais intrínseco que a vida humana tem. Valor esse que ficou perdido em algum lugar escondido de nossa alma.
Por isso que Jesus Cristo veio trazer um sentido para a vida, o sentido de vida eterna, uma vida que não se esgota em meio a esse caos de nossa perdição. Uma vida que salte para além da vida, que se constitui no agora e no ainda não, que é marcada por realização e esperança, de conquistas e expectativas.
Faz-me lembrar que a Bíblia diz que aqueles que têm uma expectativa somente para esta vida são os mais miseráveis de todos os homens. São aqueles que não levam em consideração que a vida também é delírio e devaneio. Em absoluto, não dá para olhar para a complexidade da vida humana e simplesmente acreditar que não faça parte de um processo muito mais amplo, que a nossa mera razão não consegue alcançar. Não dá pra deixar de acreditar que haja um projeto divino para resgatar o nosso valor como humanos e nos traga de volta para a nossa dignidade. Até porque penso que a descrença nada mais é do que a tentiva de ter o controle e buscar superar algo que está além de nós mesmos. E o mais legal é que, nesse campo, a vida e a mensagem de Cristo fazem todo sentido.
Você tem razão, Dawkins. E por favor, não desperdice a única e preciosa vida que você tem.

4 comentários:

  1. Wilson Ramiro - 12 de August de 2009 10:39:43

    Dawkins

    Realmente, se eu acreditasse que toda a minha existência seria limitada a 70 ou 80 anos, não perderia tempo com algumas coisas, e uma delas seria, perder tempo tentando provar a inexistência de Deus.

    Se não existe trancendência, não vejo porquê deveria aceitar que houvesse uma única pessoa no mundo com mais recursos do que eu, ainda mais se eu puder submeter esta pessoa, digo isto de mim ou de qualquer pessoa que possa exercer algum tipo de poder sobre outrem.



    A religião com sua doutrina não altera a relação de homem para homem, de forma direta, mas permite ao homem interpretar seus prórpios atos e se altera-lós será por conveniência, o que é coisa rara.

    Quem compreende que o que a religião ensina não é encontrar Deus atrás de alguma rocha ou montanha mas ver a sua luz, mesmo na pessoa ateísta de Dawkins, aceita sua incoerência.

    Ele que declarou-se contra a doutrinação de uma criança por qualquer credo, disse sem cerimonia que, aconselhou sua filha (10 anos) que "revelações, tradições e autoridades não são boas". Concordo que ele queira passar para sua filha seu ponto de vista, incoerênte é ele achar que ELE não doutrina. E pior, um empregado da globo o olhava com um respeito que brilhava nos olhos, enquanto ele contradizia-se.



    Darwin

    Após verificar que todos os seres ficaram sujeitos a toda forma de evolução, e que provavelmente alguns tiveram mais tempo para evoluir que o ser humano, deveriamos concluir que embora alguns seres evoluissem mais que outros, haveria de existir uma graduação nestas evoluções.

    Qualquer experiência científica de respeito considera que, quando se avalia uma população (objetos de pesquisa) numerosa, obtenha-se tendências e que um desvio grave, seja indicação de interferência externa.

    Os estudos da evolução ao seu término, deveria de forma cabal declarar: A evolução esta confirmada, os seres podem ter tido um ancestral comum, mas no caso do ser humano, devido a sua distância evolutiva sobre qualquer outra espécie, tem que ter havido uma interferência externa, tem que ter havido um "fator" Deus.

    Talvez nunca encontrassemos uma lesma ou barata desenvolvendo uma poesia ou um computador mas já poderiam ter formas simples de matemática.

    É uma pena que ao pesquisar a evolução das espécies, um estudo fantástico e muito útil para compreendermos o mundo em que vivemos, os "cientistas", já tinham alguma conclusões que desejam "confirmar".

    Os homens que tem fé, desejam encontrar Deus e o procuram a alguns milhares de anos, e mesmo querendo não tiveram exito, Darwin gastando alguns anos e sem querer encontrar Deus, teve sucesso.



    Wilson Ramiro

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  2. "Não desperdice a única vida que você tem." é a frase de dawkins.

    engraçado pensar que Jesus já o respondeu milhares de anos atrás:

    "Quem procurar ganhar a sua vida vai perdê-la, e quem a perde por mim, vai conservá-la"

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  3. Pessoal, sei que vcs sao cristaos e monoteistas.No entanto, existem centanas, se nao milhares de outras crencas. E muitas nao acreditam em Jesus. Nem na Biblia. Tem seus proprios profetas. Seus deuses. Agora nao me venham dizer que todos estao corretos. Nem que estao errados e os cristaos estao certos. Sinto dizer, sei q a Biblia é um livro sagrado para os cristaos mas a tomada de falas literais de Jesus e outros é impossível. Vcs sabem que foi escrita muito tempo depois de sua morte e reescrita dezenas, senao centenas de vezes, sujeita a incontáveis erros. Nao foi ficar discorrendo sobre incosistencias do novo ou velho testamento, mas, puxa vida, é tao dificil acreditar que só existe esta vida mesmo ? Nosso desejo de imortalidade é assim tao grande que queremos morar eternamente no ceu ou no paraiso (ou no inferno - tem gente que disse que prefere ir para lá). Nada contra a crenca de vcs, mesmo porque este eh um tenha sensivel para as pessoas, mas porque incomoda a existencia de pessoas que simplesmente nao acreditam ? Se vcs acham recorfortante a posiçao de acreditar e isso lhes da base moral, otimo. Mas isto é bem diferente de tal fato ser verdadeiro, ou real. Como disse o Dawkins. Abs

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  4. Mas Gustavo, você já experimentou colocar em prática alguma coisa que Jesus ensinou a tanto tempo? O único critério de validade para que a mensagem de Jesus continue tendo relevância, mesmo neste tempo, é o fato de que muitas pessoas têm sua vida transformada por aquilo que Jesus ensinou. Experimente. Acho que você vai passar a ter uma outra ideia sobre Deus e do modo como ele se relaciona conosco. Jesus mesmo disse que as pessoas que conhecem seus ensinos "felizes serão se as praticaram". Um abraço.

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