Os dados do censo de 2010, em comparação com o anterior, apontam o
crescimento do número de evangélicos e o encolhimento do número de seguidores
do catolicismo no Brasil. Hoje, o país conta com 64,6% de católicos e 22,2% de
evangélicos, em seus mais diversos segmentos.
Essa tendência de redução dos católicos e de aumento de evangélicos
já é algo esperado no cenário religioso brasileiro, principalmente por causa do
crescimento dos segmentos pentecostais e neopentecostais. Até então, esse
crescimento se devia em muito ao aumento da população e, em menor escala, ao
proselitismo. Pela primeira vez, essa diferença se dá em números absolutos, com
a diminuição do quantitativo de fiéis católicos, apesar do crescimento
populacional. Acredita-se que, nos próximos 30 anos, o número de evangélicos
seja superior ao de católicos no Brasil.
Essa tendência vem se acentuado desde o final do século XIX, com a
chegada do protestantismo de missão, com uma ação missionária acentuada nos grandes
centros urbanos e nas periferias. De início, deu-se de forma lenta, mas, a
partir da década de 1990, essa diferença passou da casa dos 5% para os atuais
22,2%. O aumento foi de 44,1% nos últimos dez anos, o que é menor que o índice verificado na década anterior (71,1%). Pode se
dizer que se trata de uma revolução silenciosa, mas que não corresponde a uma
mudança significativa em termos sociais.
Outro indicador importante é o crescimento do número de evangélicos sem vínculo com uma igreja. Esse contigente passou de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, conforme dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, divulgados em 2011. Em relação à população, o salto foi de 0,7% para 2,9%, o que equivale a 4 milhões de pessoas aproximadamente.
Outro indicador importante é o crescimento do número de evangélicos sem vínculo com uma igreja. Esse contigente passou de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, conforme dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, divulgados em 2011. Em relação à população, o salto foi de 0,7% para 2,9%, o que equivale a 4 milhões de pessoas aproximadamente.
O crescimento dos sem religião
no Brasil, porém, é um dado novo que deve chamar nossa atenção. O crescimento do
grupo dos que se dizem sem religião (incluindo os que afirmam serem ateus e
agnósticos) foi na ordem de 70,2% nos últimos dez anos. Na verdade, os grupos
religiosos de um modo geral experimentaram crescimento. Isso demonstra outro
dado novo visto que demonstra o crescimento da diversidade religiosa no Brasil.
Cresce também a intolerância e o preconceito religioso. Mas isso não aprace nos
números do censo. O preconceito e a intolerância se dão de uma forma curiosa, através
da construção de estereótipos que tipificam a figura de evangélicos e umbandistas, por exemplo.
A diminuição do número de
católicos não significa diminuição da influência da instituição no Brasil, nem
o crescimento do número de evangélicos significa crescimento da participação
dos crentes na vida social. O crescimento dos evangélicos no Brasil aponta apenas
uma mudança expressiva: fortaleceu um mercado religioso que mobiliza igrejas e
empresas. Igrejas que tratam a fé como produto e a religião como mercado, empresas
ávidas por oferecerem toda sorte de mercadoria para dar conta da demanda de uma
nova categoria de consumidores. A igreja não é só o lugar do ritual e do
sagrado, mas também de troca e de cuidado com os bens materiais. E isso não se
dá somente no contexto da chamada teologia da prosperidade.
Os dados do último censo
no Brasil reforçam o que as críticas já apontavam. Eles revelam a necessidade
urgente de o cristianismo rever o desempenho de sua missão no contexto
brasileiro. Isso não pode servir, de nenhum modo, para o ufanismo de
lideranças, mas para conduzir a uma reflexão profunda sobre quais aspectos da
ação pastoral precisam ser ajustados, tanto para um maior crescimento numérico como
para consolidação dos espaços já conquistados. Deve, sim, nos ajudar a repensar o nosso jeito de fazer missão.
Para ajudar nessa
relfexão, é bom lembrar de Dietrich Bonhoeffer, que, em 1944, estando preso pelo
nazismo, disse: “A Igreja é Igreja somente se estiver aí para outros. Para
começar, deve entregar tudo aos necessitados. Os pastores devem viver exclusivamente
de doações livres da comunidade e eventualmente exercer uma profissão secular. A
Igreja tem que participar das tarefas seculares da vida comunitária, não
dominando, mas ajudando e servindo. Ela deve dizer às pessoas de todas as profissões
o que significa uma vida com Cristo, o que significa, “estar-aí-para-outros”.”
(Imagem: http://oglobo.globo.com/, acesso em 29/6/2012)
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