Desde a manhã de domingo, o Brasil
inteiro é tomado de uma perplexidade e dor sem fim. A dor dos moradores de
Santa Maria, principalmente das famílias que perderam seu futuro, é mesma de
todos nós. Alguém já disse que quem perde um pai é chamado de órfão, quem perde
um cônjuge é chamado de viúvo, mas quem perde um filho não tem nome devido a
tamanha dor. Dor que não se aplaca com palavras, dor do vazio, dor da perda.
Mas uma dor que não nos deixa esquecer que por trás de toda essa tragédia está
uma história de descaso e arbitrariedade que tem marcado a vida em sociedade no
nosso país.
Eu sei que esse não é um problema
brasileiro. Outras tragédias como essa, com boates sendo incendiadas por
descuidos de integrantes de bandas ou por ganância dos proprietários, já
aconteceram na Argentina, na França, na Rússia e nos Estados Unidos. Em todas
elas, as vítimas eram jovens cheios de sonhos e planos. O problema é que outras
tragédias já aconteceram em nosso país e pouco aprendemos com elas. O incêndio
do Gran Circo em Niterói, por exemplo, foi há 51 anos. Acontecimentos assim nos
trazem à memória um histórico de perda. A dor das mães se torna dor coletiva em
que todos nós sofremos perdas e danos.
As vítimas de Santa Maria não nos deixam
esquecer de que há responsabilidade do poder público e que há corrupção por
parte do setor privado, o que provoca consequências com essa dimensão. O que
falar dos mortos em chacinas, emboscadas, golpes e traições? Em toda essa história
de perdas, duas marcas predominam: de um lado, a marca da impunidade e, de
outro, a da superação. Se de um lado temos poucas expectativas de que mudanças
significativas aconteçam, por outro as ações de solidariedade abrem novos
caminhos de justiça. Se de um lado temos a suspeita de que os verdadeiros
culpados ficarão impunes, de outro temos expectativas de que podemos viver num
mundo mais solidário, de pessoas que se ajudam a superar a dor. Se de um lado a
impunidade impera, de outro o grito de superação prevalece.
Até quando vamos ter que chorar as
vítimas de tragédias anunciadas, da impunidade, do desmando e da ganância?
Depois da tragédia, restam outras vítimas, os sobreviventes que se perguntam:
por que meu filho? Por que meu melhor amigo? Por que ele e não eu? Somos todos
nós que, junto com pais, irmãos e amigos, nos sentimos impotentes por não
termos conseguido evitar o pior, morremos um pouco a cada dia por saber que
isso ainda não acabou. Nessa hora, vale a atitude de Jeremias: “Todavia, lembro-me bem do que pode me dar
esperança.” Lamentações 3.21. Às muitas vítimas de Santa Maria, deixo a
minha solidariedade em oração a fim de que a esperança permaneça como uma
sobrevivente em meio a tanta dor.
"Alguém já disse que quem perde um pai é chamado de órfão, quem perde um cônjuge é chamado de viúvo, mas quem perde um filho não tem nome devido a tamanha dor. "
ResponderExcluirDe fato dor da perda de um filho é algo indescritível!
Eles estão precisando de psicólogos especializados em dor, família e com muita unção do Espírito para tal ação!
Oremos para que Deus possa agir através desses!
Aprecio o seu comentário à tragédia em Santa Maria. Realmente o problema consta de três fatores principais: pecado, ganância e descuido pela vida humana. Se os homens não querem submeter-se a Deus, também Deus não quer obrigá-los àquilo que rejeitam. Abraço. Constantino Ferreira
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