segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleições e Realidade Brasileira / Elections and Brazilian Reality / Elecciones y Realidad Brasileña

O resultado das eleições 2014 requer uma leitura mais madura de nossa realidade como nação. A vitória do governo atual, com a reeleição da presidente Dilma Rousseff, não é resultado de uma boa atuação, mas de um movimento silencioso que vem acontecendo no país há algum tempo, que é a manifestação de insatisfação e o desejo de mudança que acontece a partir das periferias.
Esse é um sinal de que o cenário político ganhou novos contornos e quem não souber compreender isso adequadamente poderá ser levado por interpretações equivocadas. Isso se deu a partir do esquema de manipulação levado a efeito através da grande imprensa e das redes sociais. O quadro apresentado era de uma situação pré-golpe tal como nos acontecimentos anteriores ao golpe de 1964. Lembrava os discursos do direitista e golpista Carlos Lacerda que dizia de Getúlio Vargas: "Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar."
O que as urnas desta vez apontaram é que as forças conservadoras de direita, que sempre estiveram à frente da República e que hoje se encontram na oposição, precisam rever seu projeto de Brasil e as estratégias políticas para as próximas eleições. Mas apontam também para o fato de que o governo atual precisa ser mais ágil nas políticas sociais e combater com mais vigor a corrupção de seu próprio partido.
O voto no governo atual foi, ao mesmo tempo, um voto crítico, que tanto aprova seu programa social quanto rejeita sua prática partidária, mas também um veto à oposição, em que tanto se rejeita sua tática golpista e desleal quanto pede que seja mais coerente.
O resultado das urnas é uma prova de que a democracia brasileira vai se fortalecendo lentamente, encontrado finalmente seu caminho. Mas ainda há uma necessidade urgente de reforma política, em que se pensa a possibilidade de uso do voto distrital, em que se conquiste definitivamente o fim das coligações e se repense o financiamento de campanha, principalmente com o fim do financiamento de empresas.
A vitória do governo não se deu só no norte e nordeste, mas em todo o Brasil onde a desigualdade e a injustiça campeiam. Foi um grito dos excluídos e daqueles que lutam em sua causa. Enquanto houver pobreza e desigualdade neste país não dá para se pensar em outra mudança possível. O governo atual já conseguiu tirar o Brasil do mapa da fome, mas precisa tirar também do mapa das desigualdades, da má distribuição de renda, nos baixos indicadores de educação e saúde.
A força da grande imprensa conservadora mostrou-se mais uma vez intensa, mas não foi suficiente para conter o poder das mídias alternativas. A população tem uma atitude mais crítica e um acesso maior às informações que não permite mais que denúncias de última hora interfiram tanto no resultado das eleições.

De fato, o Brasil de hoje é melhor do que o de há 12 anos, mas muito distante do ideal. Há ainda uma enorme dívida social histórica para com os menos favorecidos, com aqueles que precisam de oportunidades para construírem um futuro melhor. O grande desafio agora do governo é combater a corrupção, fazer o país crescer mais, controlar a inflação a níveis inferiores ao atual e aproximar as pessoas a um projeto de nação.

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