“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações,
intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os
que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com
toda a piedade e dignidade.” 1 Timóteo
2.1,2
Nunca
precisou-se tanto de intercessores como nos dias atuais. Vivemos um quadro de
crise moral, política e econômica que vem destruindo as esperanças de nosso
povo.
É fato que a
crise não é só brasileira, mas ela ganha contornos especiais no Brasil tendo em
vista a nossa realidade socioeconômica e histórica.
É fato também
que é uma crise historicamente construída. Suas bases estão ligadas muito mais
às forças de dominação que atuam sobre nossa terra, desde que Pedro Álvares
Cabral deixou aqui um degredado e que se aprofundou desde que as oligarquias destituíram
o imperador para dar início à famosa república “café com leite”.
A crise atual
cria um quadro que ameaça o Estado Democrático de Direito – conquistado a duras
penas –, que põe em risco a paz social, que aprofunda as desigualdades sociais
e que compromete as conquistas sociais até aqui construídas.
Com base na nossa crença, podemos dizer que aquele
que ora é um agente de transformação no mundo em que vivemos. Esta é a maior
revolução que se pode realizar. Se alguém ora pelo fim de algo que aflige a
sociedade, se solta o grito de “basta” como um clamor em nome dos que sofrem,
isso se torna um fenômeno capaz de restaurar a esperança.
Se você sabe
pelo que orar, este é o primeiro passo para saber o que fazer. É preciso se dar
conta de que as formas pelas quais o poder se organiza na sociedade são
complexas e dependem da atuação de diversos entes em várias instâncias e
esferas. Não basta encontrar um culpado, uma vítima ou um herói. Nesse
processo, estamos todos implicados.
Ore para que
haja paz nas cidades; ore para que a justiça prevaleça; ore para que os mais
desprovidos sejam socorridos; ore para que as desigualdades sociais diminuam;
ore para que haja oportunidades iguais para todos. Se você está consciente
disso, interceda por aqueles que têm a responsabilidade de colocar em prática
os mecanismos para que seus motivos de oração se estabeleçam.
Seja um
intercessor pelas autoridades, diz Paulo ao jovem Timóteo. Meus pastores me
diziam isso também em plena ditadura militar. Para mim, especialmente, foi
muito difícil colocar em prática. Mas obedeci clamando por uma mudança de
coração em favor daqueles que sofreram.
Num tempo de
polarizações, intercessor não é aquele que está de um lado ou de outro, mas o
que sabe encontrar o equilíbrio. Interceder é colocar-se no meio, entre o que carece e aquele que pode de fato socorrer.
Pense nisso.
O maior protesto que um cristão pode realizar é aquele que parte do sentimento de
compaixão por aqueles que sofrem. A intercessão é a atitude que está ao nosso
alcance para transformar a realidade em que vivemos.
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