“O que hoje lhes estou ordenando não é difícil fazer,
nem está além do seu alcance.” Deuteronômio
30.11
Os dez mandamentos são o mais
antigo conjunto de preceitos morais em vigor da humanidade. Eles foram
revelados (sim, eu considero o saber revelado como válido) a Moisés, o grande
líder hebreu, que libertou seu povo de um longo cativeiro no Egito e o conduziu
a Palestina, chamada de Canaã, a terra da promessa divina. Esse conjunto de
leis serviu de regra geral para manter o povo unido durante o êxodo, como
também em toda a sua formação histórica.
Eles foram recebidos como um
presente divino cerca de 1.450 anos antes de Cristo. A Bíblia diz que a entrega
dos dez mandamentos se deu no Monte Sinai, eles estavam gravados em tábuas de
pedra. Eles são uma síntese de todas prescrições do Antigo Testamento e servem
de fundamento para a moral judaica e cristã no mundo inteiro. E mais, sua
observância é fonte de vida e o descumprimento de apenas um deles significa uma
transgressão de todos demais.
Jesus é um exemplo de quem aplicou os
mandamentos divinos à vida. Ele mesmo disse que não veio “abolir a Lei ou os Profetas; não vim
abolir, mas cumprir” (Mateus
5.17). Ele pediu para que o jovem rico observasse os mandamentos para que
experimentasse uma vida plena. Ele disse também que obedecer aos mandamentos é
a prova de amor que ele espera de todos as pessoas: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o
que me ama [...]” (João
14.21).
O cristianismo buscou uma
fórmula para a aplicação dos mandamentos divinos à vida. Com base no ensino de
Jesus, a igreja entendeu que toda a lei se resume na prática do amor. “O amor não
pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei” (Romanos 13.10), disse Paulo.
O decálogo, como eles também são
chamados, encontra-se no livro de Êxodo 20.2-17, mas a sua divisão em dez
preceitos tal como conhecemos no catecismo cristão atual foi elaborada por
Santo Agostinho, no século IV. Mas eles não são mandamentos religiosos
simplesmente, pois tratam de atitudes e valores que fazem parte da cultura de
toda a humanidade.
Os dez mandamentos apontam para
a nossa imperfeição e nos convidam a um esforço para colocar em prática princípios
de vida em nossa relação com Deus e com o próximo. É através de sua aplicação à
vida que podemos estabelecer um juízo sobre nós mesmos se estamos agindo
corretamente ou não. Eles são, de fato, os “dez mais” da vida bem-sucedida.
Veja como eles se encontram na
Bíblia:
1.
Não terás outros deuses diante de Mim.
2.
Não farás para ti imagem de escultura.
3.
Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
4.
Lembra-te do dia de sábado para o santificar.
5.
Honra a teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os seus dias na Terra.
6.
Não matarás.
7.
Não adulterarás.
8.
Não furtarás.
9.
Não dirás falso testemunho.
10.
Não cobiçarás a casa ou a mulher do teu próximo.
O grande problema é que vivemos
em uma época que passa por uma transformação moral sem precedentes. Alguns
argumentam que nosso tempo é marcado por um relativismo moral. Porém, o que a
pós-modernidade tem feito é suspeitar dos valores morais tradicionais e
questioná-los à luz de um novo paradigma moral, que é o individualismo voltado
para a busca do prazer ao extremo.
A sociedade contemporânea,
dominada por uma pluralidade de valores e pela secularização, não aceita mais
os dez mandamentos como princípios absolutos. Para cada um de seus preceitos, há
uma série de argumentos que põe em questão sua validade e há também uma série
de alternativas para o seu não cumprimento. E isso se dá até mesmo em meio
àquelas pessoas que assumem um compromisso religioso.
A pós-modernidade não se
caracteriza pelo fim da moralidade, mas é um tempo em que as pessoas lançam
dúvidas sobre os padrões morais que vigoraram até então e buscam um novo
sentido para a vida. Por essa razão, fico pensando acerca de quais outros
princípios e valores poderiam mobilizar as pessoas em torno de uma moral que
faça sentido para hoje.
Acredito mesmo que precisamos de
um novo decálogo para hoje. Segue, então, uma sugestão de novos mandamentos
para a pós-modernidade:
- Não farás da tua crença uma arma.
- Não desprezarás a espiritualidade do teu próximo.
- Lembra-te da compaixão, ela é o que te faz humano.
- Não explorarás o trabalho do teu próximo.
- Não desprezarás a família, seja qual o formato que ela tenha.
- Não terás preconceitos diante de ti.
- Não ostentarás.
- Não serás ganancioso.
- Não te envolvas em corrupção.
- Cuide da natureza para que a próxima geração tenha direito às mesmas condições de vida que você recebeu.
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