“Ora, quem despreza o dia das
coisas pequenas?” (Zacarias 4.10 RAA).
O começo de
um novo ano é sempre tempo de fazer novos planos. Começar um novo curso,
aprender um novo idioma, fazer aquela dieta tantas vezes adiada, economizar
dinheiro para realizar sonhos, praticar exercícios físicos. Enfim, não passam
de planos. Muitos não resistem à primeira semana e, quando chegarmos a
dezembro, vamos ver que a maior parte deles não conseguiu ser concretizada.
Se você fizer
um balanço da sua vida, vai verificar que todo ano é a mesma coisa: fazemos
planos e praticamos muito pouco do que gostaríamos. Por que a maioria dos
nossos alvos para o Ano Novo não são colocados em prática e a maior parte deles
é até esquecida? Basicamente porque é próprio de nossa condição humana fazer
planos. Somos pessoas com abertura para o futuro.
Embora não
possamos prever o futuro, temos condições de idealizá-lo. Para isso, dois
aspectos são determinantes: nossos desejos e nossa memória. Os desejos orientam
nossa vida. A memória nos lembra nossas carências. Os desejos nascem das
carências, a memória as apontam. Desejo e memória estão inter-relacionados de
tal modo que um não existe sem o outro.
Por causa dos
desejos, nos tornamos capazes de sonhar. Afinal, por que você quer um carro
melhor, um celular novo, conhecer um lugar diferente, comprar um bem, desfrutar
de um serviço de qualidade? Somos seres dotados de desejo e pessoas que desejam
sonham.
Por causa da
memória, reportamos ao nosso passado, lembramos daquilo que nos constitui como
pessoas. Nossa história de vida, nossas vitórias e fracassos, nossos temores e
até o que nos aflige passam em nosso pensamento o tempo todo como um filme
repetido, lembrando aquilo que temos mais necessidade.
Por causa do
desejo e da memória, cada passo dado na direção do futuro se torna tanto um
desafio quanto uma conquista. O desejo nos encoraja a dar um novo passo e a
memória nos ajuda a fazer ajustes. O desejo aponta a direção do próximo passo,
a memória nos orienta a passada. O desejo nos impulsiona, a memória registra a
caminhada. O desejo constrói planos, a memória lhes dá significados.
Por isso que
cada pequeno começo é dotado de uma pluralidade de sentidos. Todo grande
projeto depende de um pequeno começo ligado a um sonho e a uma história. Por
essa razão, o profeta indaga: “quem despreza o dia das pequenas coisas?”
Certa vez,
Elias se refugiou no monte Carmelo, escondendo-se da seca e da fúria do rei
Acabe. Havia a promessa de que Deus enviaria a chuva, mas no céu não havia uma
nuvem sequer. Elias pediu ao seu ajudante para vigiar o céu, até que este disse:
“uma nuvem tão pequena do tamanho da mão de um homem está se levantando do mar”
(1 Reis 18.44). Então Elias mandou avisar ao rei para que se apressasse, pois a
chuva já estava chegando.
Assim são os
pequenos começos. Eles significam um passo dado de cada vez em direção às
grandes realizações. Não vale a pena desprezá-los.
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