O teólogo alemão Johann Baptist
Metz, em seu livro Teologia política, afirmou que “o
problema do cristianismo não são as crenças, mas os sujeitos”. O
que ele chama de teologia política é aquela que tem como missão
“tomar a sério a velha e sempre idêntica missão da Teologia
cristã: falar do Deus de Jesus pelo fato de procurar demonstrar as
relações existentes entre a mensagem cristã e o mundo atual e
traduzir a tradição da fé como memória não concluída e
perigosa”. Isso nos remete a uma dimensão prática da abordagem
teológica visto que é preciso que a teologia esteja de fato ocupada
com a mensagem divina voltada de forma crítica para a realidade
vivida no mundo.
A igreja é portadora de uma
mensagem de esperança para o mundo porque ela é antecipadora de uma
memória histórica da liberdade e da salvação para todos os que se
encontram cansados, explorados e sem esperança. Essa mensagem é o
que nos faz olhar a realidade presente com outra expectativa, como
quem crê em um futuro libertador, e é também o que nos impulsiona
a agir pela transformação do presente a fim de proporcionar
condições sociais e humanas mais justas. É o que Metz chama de
memória subversiva da fé, que deveria ser a marca predominante da
ação da igreja.
Porém, a relação entre fé e
política deve ser compreendida à luz dos processos de construção
da subjetividade e da liberdade modernos. Ao promover um divórcio
entre a objetividade e a espiritualidade, a Modernidade acabou
provocando uma compreensão equivocada a respeito da fé, muitas
vezes tida como distanciada da vida do mundo, voltada para um outro
mundo além. E isso tem sido um fator inibidor de uma fé mais
engajada e comprometida com as mudanças das estruturas dominantes
que favorecem o aumento das desigualdades sociais, da exploração do
outro e das injustiças sociais.
Se não formos capazes de
compreender e de perceber os mecanismos que têm provocado uma
estrutura injusta e desigual, tenderemos sempre a reproduzir os
discursos que reforçam essas mesmas estruturas e a perpetuar a
lógica da dominação e da exploração. É o que poderíamos chamar
de fé engajada, que é aquela que busca trazer para a realidade
presente aquilo que é esperança escatológica. Para tanto,
compreende de forma adequada quais são os impedimentos para a
realização humana em termos de justiça, compaixão e
solidariedade.
O sofrimento e a luta social
enfrentados hoje trazem consigo uma memória que precisa ser
desvendada. Essa memória é o que alimenta as ações em busca de
superação dos modelos de desigualdade e de injustiça social. E a
busca de solução e superação das condições concretas em que
tais modelos acontecem se dá a partir de determinados deslocamentos.
Poderíamos falar do deslocamento da exclusão para a solidariedade,
do medo à esperança, da competição para a generosidade e da
violência para a compaixão.
Os caminhos para a construção de
uma cultura de afirmação da dimensão política da fé passam pelo
testemunho público da fé, pelo caminho de uma práxis comprometida
com os mais vulneráveis e pela inserção histórica na vida
comunitária, como agente de transformação em meio a outros
agentes.
A fé não é só uma experiência
interior, mas a busca de entendimento que se manifesta a partir da
relação com o outro. A vida do que crê se dá em meio às
estruturas sociais e culturais em que se está inserido. Uma fé que
não compreende como as formas de dominação, de exclusão e de
opressão estão presentes historicamente na sociedade, bem como o
modo como essas formas estão impregnadas na cultura, é alienante.
Não promove transformação, não é libertadora, uma vez que o modo
como os sujeitos são construídos tem a ver com processos
históricos. Somos formados a partir das circunstâncias históricas
concretas que nos são dadas.
A aproximação entre fé e política
nos remete à ideia de que toda expressão de fé é uma experiência
política na medida em que lança um olhar a partir de um determinado
lugar em que somos construídos e estão intimamente ligadas às
lutas e as necessidades sociais.
Pastor Irênio, li seu texto e gostei muito especialmente no fechamento quando afirma que toda expressão de fe é uma experiência política. Afinal, o que não é política? Parabéns pela lucidez.😎
ResponderExcluirSimples assim!
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