A crise que se abateu no mercado financeiro é uma crise de confiança. A confiança que está em questão está relacionada com a idéia ilusória e ingênua que tem sido apresentada, a de que fora do capitalismo não há salvação. Estamos assistindo inertes à agonia de uma ideologia neoliberal que invadiu o mundo corporativo. Uma ideologia que valoriza a aquisição de bens em que ter é representativo de ser, só que em uma perspectiva irracional: adquirir fortuna é mais importante que produzir bens e serviços.
O capital assumiu plenamente seu valor virtual. O problema dessa concepção – e que por isso a torna irracional – é de que se privatiza o lucro ao extremo. Nesse esforço, a política do Estado menor só é interessante para o mercado da iniciativa privada. Este, por sua vez, tem vida própria e precisa de autonomia para progredir e atingir o seu fim principal: o lucro. Esse mercado infalível, autônomo, precisa produzir movimentos especulativos. São as “bolhas” que são insufladas e tendem a estourar e gerar as crises financeiras.
O outro lado desse problema conhecemos agora. Se o lucro foi privatizado, os prejuízos, por sua vez, serão certamente socializados. Nessa hora da fuga de capitais, busca-se o Estado como única salvação. E é nesse momento em que se vê o tamanho do poder político: o Estado, que até então foi incapaz de solucionar os gigantescos problemas sociais, dispõem de recursos, como os que hoje são oferecidos, que seriam capazes de erradicar a fome mundial ou tirar da ignorância uma geração inteira com o incentivo ao ensino.
Somados os valores que cada Banco Central está injetando no mercado, isso equivaleria ao PIB de algumas potências mundiais. Dinheiro que servirá apenas para sustentar a estrutura e funcionamento do mercado formado por acionistas ávidos por lucratividade, não os meios de produção. O custo tende a ser maior porque, como conseqüência da crise, vem a restrição do crédito, que acarreta diminuição do consumo e da produção, que provoca diminuição do emprego formal.
Essas são as contradições culturais do capitalismo. Esse é o tempo do fim de todas as nossas certezas. O fracasso do capitalismo pode ser medido pela desilusão que a crise provoca. O mercado não pode mais ser o árbitro das relações econômicas e sociais, o ideal de ter não pode mais ser regido pelo consumo, os valores humanos não podem mais ser restringidos pelo progresso tecnológico. Não pode haver confiança onde há ênfase no risco.
O preço dessa crise será pago pelos cidadãos comuns. Mais uma vez, a conta da especulação vai se refletir sobre a camada mais pobre. Por isso que o mercado financeiro precisa ser inteiramente revisto. Mais do que isso, o capitalismo precisa ser revisto. Um outro mundo possível precisa ser tentado, aquele mesmo da utopia, que seja economicamente justo e politicamente democrático. Só que hoje com uma utopia a mais: a de ser ecologicamente viável. A dificuldade do mercado financeiro em resgatar o critério principal de sua sustentabilidade – a confiança – é uma prova de sua irracionalidade. Só que essa confiança não voltará. Não do mesmo modo. Virá com perdas dificilmente reparáveis para a camada mais pobre, mas também com o fortalecimento de uma nova mentalidade política que possa oferecer maior segurança. É o que veremos.
O capital assumiu plenamente seu valor virtual. O problema dessa concepção – e que por isso a torna irracional – é de que se privatiza o lucro ao extremo. Nesse esforço, a política do Estado menor só é interessante para o mercado da iniciativa privada. Este, por sua vez, tem vida própria e precisa de autonomia para progredir e atingir o seu fim principal: o lucro. Esse mercado infalível, autônomo, precisa produzir movimentos especulativos. São as “bolhas” que são insufladas e tendem a estourar e gerar as crises financeiras.
O outro lado desse problema conhecemos agora. Se o lucro foi privatizado, os prejuízos, por sua vez, serão certamente socializados. Nessa hora da fuga de capitais, busca-se o Estado como única salvação. E é nesse momento em que se vê o tamanho do poder político: o Estado, que até então foi incapaz de solucionar os gigantescos problemas sociais, dispõem de recursos, como os que hoje são oferecidos, que seriam capazes de erradicar a fome mundial ou tirar da ignorância uma geração inteira com o incentivo ao ensino.
Somados os valores que cada Banco Central está injetando no mercado, isso equivaleria ao PIB de algumas potências mundiais. Dinheiro que servirá apenas para sustentar a estrutura e funcionamento do mercado formado por acionistas ávidos por lucratividade, não os meios de produção. O custo tende a ser maior porque, como conseqüência da crise, vem a restrição do crédito, que acarreta diminuição do consumo e da produção, que provoca diminuição do emprego formal.
Essas são as contradições culturais do capitalismo. Esse é o tempo do fim de todas as nossas certezas. O fracasso do capitalismo pode ser medido pela desilusão que a crise provoca. O mercado não pode mais ser o árbitro das relações econômicas e sociais, o ideal de ter não pode mais ser regido pelo consumo, os valores humanos não podem mais ser restringidos pelo progresso tecnológico. Não pode haver confiança onde há ênfase no risco.
O preço dessa crise será pago pelos cidadãos comuns. Mais uma vez, a conta da especulação vai se refletir sobre a camada mais pobre. Por isso que o mercado financeiro precisa ser inteiramente revisto. Mais do que isso, o capitalismo precisa ser revisto. Um outro mundo possível precisa ser tentado, aquele mesmo da utopia, que seja economicamente justo e politicamente democrático. Só que hoje com uma utopia a mais: a de ser ecologicamente viável. A dificuldade do mercado financeiro em resgatar o critério principal de sua sustentabilidade – a confiança – é uma prova de sua irracionalidade. Só que essa confiança não voltará. Não do mesmo modo. Virá com perdas dificilmente reparáveis para a camada mais pobre, mas também com o fortalecimento de uma nova mentalidade política que possa oferecer maior segurança. É o que veremos.
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