“Levanta do pó o necessitado e, do monte de cinzas ergue o pobre; ele os
faz sentarem-se com príncipes e lhes dá lugar de honra [...]” 1 Samuel 2.8
No dia que Ana levou o seu filho ao templo para
consagrá-lo ao Senhor, ela fez uma oração incomum. Em primeiro lugar, porque
estava exultante de alegria por Deus ter atendido ao seu clamor. Em segundo
lugar, porque ela reconhecia quem Deus era e quem ela era. Poucas vezes oramos
assim.
A alegria por alcançar uma graça, por ser
socorrido na aflição, por receber o consolo na hora da angústia, por sentir
alívio na dor, por ver o milagre acontecer é inevitável. Até mesmo incrédulos e
hereges podem se sentir alegres por uma solução sobrenatural de seu problema. O
difícil é admitir que eu sou quem de fato sou e que Deus é quem de fato é. Eu
sou humano, um ser criado e contingente, que não mereço nada de Deus. E Deus é
um ser necessariamente amor, que não precisa que eu faça absolutamente nada para
me amar.
A pergunta que me vem à cabeça é: o que pode
fazer com que eu reconheça que Deus age como Deus, na medida que não sou
merecedor de nada?
Deus é quem nos dá força e coragem para
atravessarmos os dias maus.
Deus nos abençoa com a dádiva da fé a fim de que possamos
ver as portas que só ele pode abrir.
Deus sinaliza a sua presença entre nós, ele dá
sinais de que está ao nosso lado em todo tempo.
Deus manifesta a sua vontade na medida em que
estabelecemos uma relação de pertença a ele.
E o que pode fazer com que eu expresse o meu
reconhecimento pelo que Deus faz?
Ana foi um raro exemplo do que pode fazer uma
pessoa agradecida. O que ela mais desejava era ter um filho. E quando ela
alcança esse desejo, encontra Deus que a preenche de alegria e realização. Como
sinal de sua gratidão, ela consagra a Deus seu maior desejo. Aquela mulher que
vivia triste e humilhada, agora podia levantar os seus olhos e dizer quem é
Deus para ela, aquele que ergue do pó o necessitado para o colocar em um lugar
de honra.
Essa expressão de Ana tornou-se tão significativa
para a espiritualidade do povo de Deus que foi repetida em canto pelo salmista:
“Ele
levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, para fazê-los sentar-se
com príncipes, com os príncipes do seu povo” (Salmos 113.7,8). Que esta seja a oração do seu povo, que este
seja o nosso canto.
(Foto: Sebastião Salgado.)
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