A manifestação do dia 29 de
setembro se transformou num símbolo da luta que cerca a eleição
2018: um grito contra o avanço do ódio e do preconceito. Eu diria
mais: um grito contra o fascismo que floresceu na sociedade
brasileira, travestido de discursos fundamentalistas, racistas,
misóginos e homofóbicos. Por dezenas de cidades no Brasil em quase
todos os estados e em diversas cidades do mundo o grito foi um só:
ele não, numa referência ao candidato de extrema direita que
desponta na corrida eleitoral para a presidência da república.
A mobilização das mulheres,
através das redes sociais, foi um indicativo de que fascistas,
reacionários, oligarcas e conservadores não terão vida fácil
na eleição. É a primeira vez na história, pelo
que se tem notícia, que se mobiliza tanta gente em torno da rejeição
a um candidato em plena campanha eleitoral. O interessante é que o protesto aconteceu um dia
depois de o candidato em referência ter declarado que não aceitaria
outro resultado das urnas que não fosse a sua vitória. Embora as
pesquisas lhe dê uma certa margem no primeiro turno, isso não
significa ter a maioria.
O que assusta nessa eleição é o
crescimento do número daqueles que defendem ideias reacionárias,
como a volta da ditadura, o preconceito racial, a discriminação de
gênero e até a rejeição a direitos sociais que foram conquistados
com muita luta. São ideias forjadas no contexto de uma elite
oligárquica e conservadora que quer se manter no controle do Estado
para satisfazer a seus interesses particulares. O mais inacreditável
é que tais ideias são defendidas por líderes religiosos cristãos
– em grande parte de evangélicos –, induzindo o voto dos fiéis
em favor daqueles que as transformaram em bandeira e plataforma para
políticas de Estado.
Foi o maior ato comandado pelas
mulheres na história do Brasil. Não que tivessem outros. As
mulheres já protagonizaram outras manifestações, como a primeira
greve geral de trabalhadores em 1917, a luta pelo direito ao voto nas
décadas de 1920 e 1930, e a resistência contra a ditadura em 1968,
que foram campanhas emblemáticas e vitoriosas. O ato do Ele Não vai
também entrar para a história como a maior demonstração de
protesto desde o golpe de 2016.
A grande mídia, porém, deu pouca
cobertura aos atos. Tentou até menosprezar com a reportagem de
manifestações pouco significativas pró candidato da extrema
direita. As manchetes dos grandes jornais no dia seguinte tentaram
esconder as imagens do movimento das mulheres. Mas as redes sociais
foram invadidas de vídeos e fotos que testemunham o sucesso do grito
delas.
Isso só reforça o que venho
observando. O fascismo voltou. Já o vencemos uma vez. Venceremos de
novo.
(Foto aérea de O Globo).
(Foto aérea de O Globo).
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