sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Justiça silenciada: morte de juíza em Niterói é o limite do tolerável / Justice silenced / Justicia silenciada

Quando a violência atinge aqueles que lutam pela justiça, é sinal que já se ultrapassou o limite do tolerável. É hora de gritar por socorro e clamar pelo fim de toda impunidade. Como pastor na região oceânica de Niterói, especificamente na localidade de Piratininga, não posso me calar diante da morte da juíza Patrícia Acioli, em frente a sua própria casa, na noite de 11 de agosto de 2011.
Por que isso nos inquieta? Porque é um crime hediondo, que atinge uma representante do poder que tem a função de promover a justiça e a dignidade das pessoas. Porque é um crime brutal e cruel, que ceifa a vida de uma mulher, mãe e profissional com 21 tiros, na porta de sua residência. Porque é um crime que amordaça a justiça, uma vez que é atribuído ao crime organizado que se articula como um poder paralelo. Porque é um crime que atinge a todos nós, pois ameaça o exercício legítimo do poder em defesa da sociedade.
Quando em 1992 a máfia itáliana matou o juiz Falconi e depois o promotor Boselino pelos mesmos motivos atribuídos ao atentado contra Patrícia Acioli, houve uma forte comoção popular que culminou na destabilização do governo italiano. O caso foi visto à época como um atentado contra a dignidade humana e ao Estado Democrático de Direito. Não foi visto como um crime comum, mas como uma ação desumana, com repercussões em todo o mundo.
O Estado não pode silenciar-se quanto a isso. Quando falo de Estado, não me refiro ao Rio de Janeiro, que já se mostrou incapaz e insuficiente para dar conta dessa guerra. O crime organizado a quem se atribui tal covardia inclui policiais e membros do poder público envolvidos com práticas de abuso, ações de milícia e tráfico de influência e de entorpecentes. Estou falando de Brasil, que precisa garantir a nós brasileiros, através de seus poderes constituídos, o direito ao exercício da legalidade e dos princípios que a Constituição estabelece como sociedade organizada.
Na Itália, o nome dos juristas mortos é lembrado em monumentos para ficar registrada a memória de quem lutou pelo bem comum. Entre nós, a morte de Patrícia Acioli não pode representar uma mordaça na justiça, mas o começo de uma mudança radical que termine de vez com a impunidade.

2 comentários:

  1. É muito dolorido sofrer a perda de uma pessoa que dá contribuição fundamental à sociedade. Igualmente, ver gente corrupta enriquecendo, formando opinião e parecendo referência. A sociedade avança quando espera o momento de separar o joio do trigo, lembrando a parábola de Jesus. E o preço é essa perplexidade!

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  2. Parabéns pela postagem. Até quando veremos marginais mandando no Estado? Se fazem isso com uma juíza imaginem conosco?

    Como poderíamos fazer para iniciarmos uma campanha pró-PENA DE MORTE para esses bandidos hediondos?

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