Votei em Lula em todas as minhas experiências em eleições diretas para a presidência da república, confesso. E o fiz conscientemente, alimentando o sonho utópico de uma mudança na forma como o poder político se realizou no Brasil até então. Entendi – como entendo ainda – que o país não podia mais ser entregue a uma forma de governo que privilegia uma minoria de afortunados, que teve acesso a uma escola de qualidade (alguns até com formação no exterior), que detém a propriedade e a explora de forma que garanta unicamente seus direitos em detrimento do direito dos reais participantes do meio de produção, que são os trabalhadores.
Hoje me vejo diante de um impasse. Aquela utopia acabou. Não a de ver um país justo e governado para o interesse de quem realmente faz a construção do Brasil, mas a utopia de saber que aquele elemento simbólico que sintetizava todas as utopias chegou ao fim. E não é que eu tenha me decepcionado. Nunca tive a ingenuidade de pensar que teríamos um governo exemplar, livre de corrupção e equívocos. O fato é que houve uma guinada histórica do país, de tal forma que é visível que alguma coisa melhorou para as camadas menos favorecidas.
Lembro-me do meu tempo de secundarista. Isso já tem uns 35 anos. Eu e meus colegas de turma construíamos a utopia de um Brasil que tem jeito, mesmo com a herança dos anos de chumbo da ditadura militar. Tinha até o Sérgio que dizia que a esperança do país era ter políticos como Franco Montoro e FHC como presidentes da república. Isso antes de existir o PSDB. Santa ingenuidade. Mal sabia ele que isso viria se tornar realidade. Resultado: pago imposto de renda até hoje, eu e todo assalariado que ganha pouco mais de 3 salários-mínimos. Isso sim foi traumático e decepcionante. Mexeu com a parte mais sensível do brasileiro, que é o bolso. Eu nunca vou esquecer isso.
Mais uma eleição se aproxima. Dessa vez, sem as utopias das eleições anteriores. Preciso rapidamente construir novas utopias, porque o que se oferece é muito inseguro e não me garante que será possível continuar pensando num país melhor. Nessa fase em que os candidatos vão fazendo os últimos ajustes para começar a campanha eleitoral, preciso pensar no que eu gostaria de ouvir deles, de conhecer da vida deles, para fazer uma escolha que me deixe com a consciência tranquila.
Pelo menos algumas coisas já decidi: não quero obras que garantam a aceleração do crescimento, não quero programas que façam ajustes no modelo econômico, não quero programas de empregabilidade, não quero proposta de incrementos em programa de saúde, não quero promessas de mais policiamento nas ruas. Isso é dever político de todo e qualquer governante. Ele é eleito para isso E não me venham com essa história que fulano é pai disso ou mãe daquilo que ajudou a melhorar o país em um aspecto ou outro. Se o fizeram, foi porque tinham o dever de fazê-lo, pelas obrigações que o cargo que ocupavam lhes impunham. E ninguém pode se dizer necessário, quando tinham que fazer o que era do seu dever. E se não o fizessem seriam negligentes.
Eu estou a procura de gente que fale que é urgente pensar nas gerações futuras, no legado que vamos deixar em relação ao mundo em que vivemos, gente que assuma o compromisso da luta por um modelo de sustentabilidade, por se posicionar ao lado de gente que sofre as injustiças que a sociedade lhes impõe de tantas formas, na saúde, na educação, no trabalho, na estrutura jurídica. Gente que não se mostre indiferente durante o período não eleitoral, mas que tem um discurso pronto para angariar votos. Gente que não faz aliança com partidos e setores que já estão contaminados por esse modelo que aí está.
É só mais uma utopia. Eu preciso dela para continuar acreditando que é possível um Brasil melhor. É para ter a sensação de que não fui omisso ao usar o único instrumento de que disponho para interferir na formação da estrutura de governo que eu desejo para o meu país.
Hoje me vejo diante de um impasse. Aquela utopia acabou. Não a de ver um país justo e governado para o interesse de quem realmente faz a construção do Brasil, mas a utopia de saber que aquele elemento simbólico que sintetizava todas as utopias chegou ao fim. E não é que eu tenha me decepcionado. Nunca tive a ingenuidade de pensar que teríamos um governo exemplar, livre de corrupção e equívocos. O fato é que houve uma guinada histórica do país, de tal forma que é visível que alguma coisa melhorou para as camadas menos favorecidas.
Lembro-me do meu tempo de secundarista. Isso já tem uns 35 anos. Eu e meus colegas de turma construíamos a utopia de um Brasil que tem jeito, mesmo com a herança dos anos de chumbo da ditadura militar. Tinha até o Sérgio que dizia que a esperança do país era ter políticos como Franco Montoro e FHC como presidentes da república. Isso antes de existir o PSDB. Santa ingenuidade. Mal sabia ele que isso viria se tornar realidade. Resultado: pago imposto de renda até hoje, eu e todo assalariado que ganha pouco mais de 3 salários-mínimos. Isso sim foi traumático e decepcionante. Mexeu com a parte mais sensível do brasileiro, que é o bolso. Eu nunca vou esquecer isso.
Mais uma eleição se aproxima. Dessa vez, sem as utopias das eleições anteriores. Preciso rapidamente construir novas utopias, porque o que se oferece é muito inseguro e não me garante que será possível continuar pensando num país melhor. Nessa fase em que os candidatos vão fazendo os últimos ajustes para começar a campanha eleitoral, preciso pensar no que eu gostaria de ouvir deles, de conhecer da vida deles, para fazer uma escolha que me deixe com a consciência tranquila.
Pelo menos algumas coisas já decidi: não quero obras que garantam a aceleração do crescimento, não quero programas que façam ajustes no modelo econômico, não quero programas de empregabilidade, não quero proposta de incrementos em programa de saúde, não quero promessas de mais policiamento nas ruas. Isso é dever político de todo e qualquer governante. Ele é eleito para isso E não me venham com essa história que fulano é pai disso ou mãe daquilo que ajudou a melhorar o país em um aspecto ou outro. Se o fizeram, foi porque tinham o dever de fazê-lo, pelas obrigações que o cargo que ocupavam lhes impunham. E ninguém pode se dizer necessário, quando tinham que fazer o que era do seu dever. E se não o fizessem seriam negligentes.
Eu estou a procura de gente que fale que é urgente pensar nas gerações futuras, no legado que vamos deixar em relação ao mundo em que vivemos, gente que assuma o compromisso da luta por um modelo de sustentabilidade, por se posicionar ao lado de gente que sofre as injustiças que a sociedade lhes impõe de tantas formas, na saúde, na educação, no trabalho, na estrutura jurídica. Gente que não se mostre indiferente durante o período não eleitoral, mas que tem um discurso pronto para angariar votos. Gente que não faz aliança com partidos e setores que já estão contaminados por esse modelo que aí está.
É só mais uma utopia. Eu preciso dela para continuar acreditando que é possível um Brasil melhor. É para ter a sensação de que não fui omisso ao usar o único instrumento de que disponho para interferir na formação da estrutura de governo que eu desejo para o meu país.
Confesso que ando desanimado com todo o processo eleitoral que volta a circundar-nos neste ano, estou bastante decepcionado com aqueles que, sendo eleitos, deveriam ser extremamente cuidadosos com a coisa pública, a ética é de fato, patrimônio de poucos e esses poucos podem descambar do pedestal de sua suposta honestidade. Mas a reflexão sobre seu texto trará novas luzes sobre meus questionamentos. O modelo que aí está é perverso, tomara possam surgir, para o bem de todos, governantes éticos e principalmente tementes a Deus.
ResponderExcluirCicero Ramos
essa foi enviada pelo Antonio Mesquita, por e-mail:
ResponderExcluirOlá meu caro
Irenio.
Sua crítica leva ao uso da razão, do conhecimento que liberta, enquanto mostra a ignorância como armadilha perfeita, ferramenta usada por homens-diabos, que levam o semelhante ao limite da irracionalidade.
Forte abrç,