“[...] Deus interveio em favor do seu
povo” (Lucas 7.16).
A dor da perda é dilacerante. Perder alguém que a
gente ama, então, abre uma cicatriz que nem o tempo sara. A viúva de Naim vivia
essa dor. E para mal da sua sorte, seu único filho, fruto do seu amor, também
acabara de morrer. Alguém já disse que quem perde um pai é chamado de órfão,
quem perde o cônjuge é chamado de viúvo, mas quem perde o filho não tem nome
que dê conta de tamanha tristeza.
Alguns podem até argumentar o problema social da
mulher naquela época. Ela ficaria completamente desamparada. Mas ela não tinha
condição de avaliar isso naquele momento. No seu coração só havia espaço para o
pranto, para a angústia, para o desespero. Como continuar viva sem ter ao lado
aqueles a quem se ama?
Enquanto o funeral saía da cidade para o último adeus,
a multidão que o acompanhava se depara com a comitiva que seguia a Jesus, que
chegava. Duas multidões: uma solidária com a dor, outra cheia de esperança; uma
que se perguntava sobre o sentido da vida, outra que havia encontrado o autor
da vida; uma que se deparava com a finitude, outra que se enchia de esperança
com o futuro.
Na chegada à
cidade, a morte encontrou-se com a vida, o cortejo de dor encontrou-se com a
caravana que restaura a alegria, o sentimento de perda cedeu lugar à descoberta
da vida. Jesus se aproximou do cortejo fúnebre e disse apenas duas coisas. Uma delas
dedicada à mulher: “Não chores”. A outra, dirigida ao jovem no caixão: “levante-se”.
A misericórdia tinha se manifestado ali.
As pessoas que
assistiam a tudo, tomadas pelo temor, louvavam a Deus, pois somente ele poderia
fazer algo para acalmar corações sofredores, como o daquela mulher. Isso lembra o que disse Bonhoeffer: “Só o Deus
que sofre pode ajudar”. Todos ali
se sentiam igualmente abençoados e reconheciam que a manifestação da
misericórdia se estendia a todos. Por isso, levantavam brados de
alegria: “Deus
interveio em favor do seu povo”.
Em todos as narrativas
dos milagres realizados por Jesus, as pessoas vinham até ele e clamavam por
misericórdia. No episódio do filho da viúva de Naim, podemos ver o Senhor se
dirigir até aquela pessoa carente e oferecer o seu cuidado amoroso por sua
própria iniciativa.
Quando a misericórdia acontece, Deus restaura a
alegria, renova a vida e encoraja a ter esperança no futuro.
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