“O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação! Ele é
o meu Deus e eu o louvarei, é o Deus de meu pai, e eu o exaltarei!” Êxodo 15.2
Moisés tinha mais ou menos oitenta anos quando
começou a liderar o povo hebreu na travessia do deserto em direção à Terra
Prometida. Poderia se dizer que ele tinha visto de tudo nessa vida, como pessoa
experiente que era. Já tinha vivido em palácios e em acampamentos, já tinha
trabalhado em liderança e sabia o que era ser escravo, já conhecia a cultura
das elites e já tinha vivido em meio a cultura do povo, já tinha experimentado
a religiosidade dos pagãos e já havia vivenciado a espiritualidade do seu povo.
Naquele momento crucial da sua trajetória, logo
após atravessar o Mar Vermelho, Moisés estava em êxtase. Ele e todo o povo
tinham vista a mais sublime manifestação do poder de Deus. Um Deus que consegue
abrir o mar só podia ser muito poderoso mesmo. É sinal de que tem em suas mãos
o controle de tudo. Porém, ele sabia que sua missão apenas estava começando.
Ela só terminaria em Canaã.
Moisés tinha tudo para se deixar encantar por
aquele momento. Com um Deus assim ao seu lado, não precisaria ter temor algum.
Entretanto, ele reúne o povo e louva ao Senhor como um exercício de entrega e
preparação para o que virá depois. O canto de Moisés naquele momento era um
sinal de que não só ele estava agradecido e não só reconhecia o poder de Deus,
mas demonstrava sua disposição para seguir adiante.
Moisés tinha três motivos para cantar. O primeiro
é que ele sabia que Deus livra. Os poderosos da Terra em seu tempo indagavam:
“que Deus pode livrar vocês das minhas mãos?” Mas ele, bem como os profetas e
poetas, cantam: “quem pode livrar como o Senhor?” Ele disse: “Quem entre
os deuses é semelhante a ti, Senhor? Quem é semelhante a ti? Majestoso em
santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas?” (Êxodo 15.11).
O segundo motivo é que ele sabia que Deus salva.
Deus conhece as aflições do seu povo exatamente porque está junto dele. Tão
perto que pode socorrer com suas próprias mãos. “Senhor, a tua mão direita foi majestosa
em poder. Senhor, a tua mão direita despedaçou o inimigo” (Êxodo 15.6). Somente um Deus que está
presente pode salvar-nos daquilo que mais nos aflige. Em outra feita, o profeta
Sofonias também vai declarar que Deus salva porque está no meio do seu povo. “O Senhor, o
seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em você,
com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria” (Sofonias 3.17).
O terceiro motivo é que ele sabia que Deus fala. Desde
a experiência da sarça ardente, Moisés aprendeu a ouvir a voz de Deus. Ele
descobriu que Deus fala e que isso é maravilhoso. Mas não só isso, o que Deus
fala é bom para a vida, atender ao chamado divino e obedecer à sua voz é o
melhor que se tem a fazer. Foi isso que ficou claro para aquele povo a quem
liderava: “O
Senhor, o nosso Deus, mostrou-nos sua glória e sua majestade, e nós ouvimos a
sua voz vinda de dentro do fogo. Hoje vimos que Deus fala com o homem e que
este ainda continua vivo!” (Deuteronômio
5.24).
O canto de Moisés não é um canto de vitória
ufanista. Ele não fez isso como quem ganha um campeonato de futebol. Com aquele
canto, Moisés rendeu sua vida inteira a Deus. Dali por diante, poderia
acontecer o que fosse, Moisés não tinha dúvidas de quem Deus era. Ele sabia que
a jornada seria longa e difícil. A única força que teria para vencer os grandes
desafios era a consciência de que Deus estava ao seu lado. Em todo o tempo,
Deus seria suficiente para livrar, para salvar e também para falar.
No fim da vida, já aos cento e vinte anos, depois
de liderar o povo pelo deserto, ao transmitir a incumbência para Josué, Moisés
cantou mais uma vez. Ele disse: “Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os
seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele
é” (Deuteronômio 32.4).
Seu cântico entrou para a história. Na eternidade,
os sete anjos do Apocalipse o entoarão como reconhecimento da vitória: “Grandes e
maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. Justos e verdadeiros
são os teus caminhos, ó Rei das nações. Quem não te temerá, ó Senhor? Quem não
glorificará o teu nome? Pois tu somente és santo. Todas as nações virão à tua
presença e te adorarão, pois os teus atos de justiça se tornaram manifestos” (Apocalipse 15.3,4).
Você tem algum motivo para cantar? Lembre-se de o
quanto Deus já o livrou, reflita sobre a salvação que vem do Senhor e pare para
ouvir o que Deus tem para falar. Todos nós temos algumas razões para cantar,
mesmo que tudo pareça tão difícil ao nosso redor. Caso não encontre uma neste
exato momento, siga ao menos o conselho: “Cantem de alegria ao Senhor, vocês que são justos; aos
que são retos fica bem louvá-lo” (Salmos
33.1)
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