sábado, 15 de setembro de 2007

O que significa ser fundamentalista / What is fundamentalism?

Desde o começo de minha vida cristã tenho ouvido falar de "fundamentalistas". Acho que ainda não me deparei com nenhum deles. Pelo menos não que eu saiba. Outro dia mesmo andei interessado em achar um. Até que andei procurando, mas ninguém soube me dizer onde eles estão exatamente. Podem estar em qualquer lugar. Podem dar em árvore. Podem nascer de repente e podem ir embora da mesma forma.
Eu já ando meio desconfiado que fundamentalista não existe entre os cristãos. Ou os que ainda possam existir sorrateiramente estão como espécie em extinção. Os únicos exemplares que conseguiram me mostrar, nessa busca por um fundamentalista típico, eram oriundos de religiões como islamismo, budismo, hinduísmo. O cara que detonou a bomba que estava presa a seu corpo no meio da pizzaria de Jerusalém é um exemplo de fundamentalista. O sujeito que soltou aquele gás no trem japonês. Aquele pessoal de uma religião estranha lá na China. A milícia talibã no Afeganistão. Tudo isso é fundamentalismo em profusão.
Teve até uns fundamentalistas cristãos que morreram. Jim Jones e alguns grupos que promoveram suicídio coletivo. Isso me faz desconfiar que não há muito espaço para o fundamentalismo no meio cristão. O nosso solo não é muito próprio para esse tipo de semente. Logo ela se autodestrói.
Sendo assim, cheguei à conclusão que, aquilo que chamam de fundamentalismo cristão, deve ser algo assim parecido com zelo exagerado, uma certa dose de auto-afirmação, uma ponta de fanatismo ou mesmo uma vontade de acertar remando contra a maré. O que me deixa triste é que ainda tem gente que tem pose de fundamentalista, parece com fundamentalista, cheira a fundamentalista, mas se nega a ser um deles. É bom que se diga que o uso do termo começou entre cristãos piedosos que se afirmaram fundamentalistas. Eram os fundamentalista de carteirinha.
Bem, seja lá o que for, o negócio é que se trata de um rótulo a mais que não cai bem dentro do cristianismo. Aliás, o nome "cristão" é tão completo e profundo que não cabe nenhum sobrenome do tipo conservador, renovado, tradicional, moderado, nominal, carismático, ortodoxo, avançado, autêntico, liberal, retrógrado, contemporâneo ou mesmo fundamentalista.
Até mesmo uma tentativa de sair por aí caçando quem é fundamentalista passa a ser também uma espécie de fundamentalismo. Como se tornou o mal do século - ou da virada de milênio - o fundamentalismo passou a ser uma expressão de crer. Tem até ateu fundamentalista!
Portanto,

2 comentários:

  1. Caro amigo e coléga Irenio, também entendo e creio na plenitude do nome "cristão", não cabendo nele nehum complemento ou sobrenome, como fundamentalista e outros.
    Mas, ao longo da história, como é de conhecimento de todos, os seguidores do Cristo de Deus, tem recebido alguns apelidos, dentre eles, o de "Cristão", que se tornou uma identidade e, diga-se de passagem, muito honrosa, que muitos que a tomam para si, nao são dignos de terem-na.
    No caso do "fundamentalismo", conforme coloca o Sociologo Antônio Flávio Pierucci, especialista em Sociologia da Religião, e professor de Sociologia da USP, "termo cunhado no inicio do sec. XX, nos Estados Unidos, dentro do cristianismo, nao tendo nada haver com o Islã.
    Como figura histórica original, o fundamentalismo é cristão, ocidental e protestante, filho do protestantismo conservador do Sul dos Estados Unidos. O estado do Tennessee é seu ícone geográfico.
    Designação fortemente pejorativa hoje em dia, é curioso como a palavra inglesa fundamentalism foi, de inicio, um nome orgulhosamente auto-aplicado por seus próprios portadores para se distinguir dos protestantes "liberais", deturpadores da "verdadeira" fé cristã revelada na Bíblia. Uma autodesignação orgulhosa de si e não, como hoje soa, uma acusaçao que a faz sinonimo de morbidez fanática, um insulto dirigido a terceiros demarcando uma alteridade".
    Entendemos então que o "fundamentalismo" que se refere a fundamento, alicerce, base, sustentáculo, sugiu de um movimento cristão, contra uma corrente filosofica chamada de Modernismo, surgida no final do sec. IX e inico do sec.XX,que, parecia querer desafiar a ortodoxia cristã, ou, pelo menos, procurar conciliá-la com novas idéias e com novos pensamentos oriundos de uma mescla de Darwinismo e de um nouveau Racionalismo, este último por sua vez, derivado do iluminismo europeu do século XVIII. Esta nova onda de Racionalismo do inicio do séc. XX foi a promotora de uma forte eclosão de idéias formadoras de uma corrente filosofica, mais radical e agressiva, conhecida como Secularismo. Segundo este último, a existencia deve buscar um minimo de, ou nenhuma, referencia em Deus e no sobrenatural a fim de explicá-la. Finalmente, derivado do Secularismo, um outro, e ainda mais agressivo, pensamento filosofico surgiu, sendo chamado de Humanismo Secular, segundo o qual todos os aspectos dogmaticos da religião devem ser evitados.
    Foi precisamente contra o modernismo do inicio do séc. XX, promotor e facilitador do ateismo, que a Igreja Evangélica (Presbiteriana e Cristã Evangélica, inicialmente, conforme disseram o Sociologo Pierucci e o Dr. Leadnet), norte-americanas se levantaram a fim de defender o pensamento Cristão.
    Este movimento Cristão reivindicava, e reivindica, uma inabalável aderência às Escrituras Sagradas, a Bíblia, como referencial central e insubstituível para a vida dos cristãos. Este posicionamento resiste à todas as formas de críticas à Bíblia, reafirmando a infalibilidade e inerrância das Sagradas Escrituras. A este movimento Cristão deu-se o nome de fundamentalismo.(O reverendo Curtis Lee Laws, editor do jornal batista Watchman Examiner, inventou o termo fundamentalism em 1920, o nome foi honrosamente incorporado por seus colegas batista e presbiterianos como algo que traduzia bem o empenho deles em irem à luta "pelos fundamentos da fé" contra o protestantismo liberal.
    Os pontos fundamentais defendidos pelo movimento fundamentalista são:
    1- A infalibilidadede e inerrância das Escrituras Sagradas, a Bíblia;
    2- A Divindade de Jesus Cristo;
    3- O nascimento virginal de Cristo;
    4- A morte e a ressurreição de Jesus Cristo a fim de salvar a humanidade;
    5- A segunda vinda de Cristo;
    6- A Criação em seis dias literais, segundo o relato bíblico.
    7- A Salvação eterne dos cristãos e a condenaçao eterna dos nao cristãos.
    Basicamente o Fundamentalismo Cristão é uma simples resposta às múltiplas tentativas de desacreditar a Bíblia e de contaminar a doutriuna cristã com idéias e conceitos anti-biblicos como o Evolucionismo, Relativismo, Humanismo Secular, etc.

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  2. Oi Edson,
    Belo comentário. É isso mesmo. O fundamentalismo é uma iniciativa protestante e ocidental, situada historicamente lá pela passagem do século XIX para o século XX como resposta ao liberalismo teológico. Porém, o que existe como afirmação do fundamentalismo hoje, inclusive entre os protestantes norteamericanos, não tem nada a ver com aquele movimento inicial. Aliás, está na contramão do próprio ideal protestante, visto ser marcado pela intolerância.
    Isso dá uma boa idéia. Por isso postei hoje um trecho de minha dissertação de mestrado que aborda um argumento de um outro sociólogo. Um abração pra você, amigo.

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